segunda-feira, 28 de novembro de 2011

_______ O Inferno Parece Um Bom Lugar. _____________________ Por A. Rodrigues

     Devia eu agradecer ao Deus da Glória do Inferno ? penso que não, é apenas uma mera lenda.Obrigado, agradeço sim, por tornar-me lenha da fogueira maldita da nova inquisição.


     Obrigado  pelos pregos em meus olhos, os pulsos cortados em prol da fé, as chibatadas em minhas costas, agradeço pela máscara de ferro que ao fim de tanta tortura, se desgastou com o tempo.
Agradeço por pregos estes, que por anos tiraram -me a visão e os sentidos,fé que anestesiou -me por tempos.Domou e controlou perante a espada de falsas leis que lhe auto contradizem.

[ Necessito apenas das leis humanas e naturais, é possível ser bom sem fé ]


     Respiro o enxofre dos teus rastros divinos, consegues ser pior quem comanda abaixo das linhas da Terra, e do próprio Inferno. 
Onisciente e ao mesmo tempo impotente, nada fazes assim defino em meus versos.Mito em outras terras e aqui também, imposto a força (Lembra-se ?) 
Agora em troca para  sua própria remissão, ofertas um suposto amor e redenção, mas curvar-me  a autoridade de quem se diz perfeito, é desnecessário e vejo quão fútil lenda és.Se existisse tal glória de escolher, o Inferno seria uma ótima morada, os grandes sábios e homens da Ciência estariam por lá.
Adorar um ser egocêntrico durante a eternidade, seria pior tortura e quão vazio.


[ Por que um ser perfeito precisaria da devoção dos imperfeitos, construa imagens iguais a ti.]


Futilidades obscenas de um ditador, compreendo meramente apenas apego, misérias do ser martirizado, opressão imposta por quem nunca alcançará a perfeição, cuja qual é apenas ambição por não ser real.
Homens como são cruéis consigo mesmos, almejam tão perfeição e somente a encontram no imaginário.


     Abdiquei -me de toda fé, os sinos da catedral pararam de chamar  pelo meu nome. Exprimo estes meus dizeres aos igualmente humanos.Mitos não são capazes de ouvir,  sentir, tocar, esfoliar, nem nada vislumbrar, detalhes estes que são ecos da inexistência.
Não podes sugar meu sangue, não podes transformar- me nem em sal ou cinza, não podes cozer-me em sua efervescente fúria, queimaram muitos dos  que ousaram, mas não me calo, lendas são apenas lendas.
Através das montanhas atravessamos com força ,vontade e determinação, não nos curvamos perante deuses, não temos necessidade disto.
     
[ O pecado é puro  e bom ( desde que não afete ninguém, além de você mesmo. ) ]


[Quão saborosa é a luxúria, fartar em gula, ambicionar o melhor para vós, e irar -se no momento certo]


     Se não venero a ti não venero a tua oposição, sou livre destas amarras. Abraço a mim, abraço aos meus, dou beijos em minha amada, mas a ti nada resta além das coroas de flores murchas, o plástico negro que com o tempo apodrecerá e que lhe acoberta, isto que lhe acompanha além dos cacos do teu império de sangue, para o funeral. Fragmentos talvez um dia não existam mais, apenas poeira que na primeira chuva se consumirão.
     Teus servos que antes, se deliciavam com a carne nova e fresca agora bebem, do poço da igualdade humana e pagam por isso, cortam -se os benefícios da fé, império decadente que aos poucos se escandaliza e morre.
Por milênios dominou as massas, todos que se opuseram e não se renderam morreram.
Controles mentais que rapidamente decaem, teocracia banalizada, tal como fizeram com outras mitologias, benéfica foi até antes de escravizar e explorar. 
Fizeram nossas crianças, velhos e mulheres chorarem sangue, sodomizou nossas virgens, prostituiu os homens e mulheres. 
Sodoma e Gomorra ergueram taças e o sangue secou após respingar ao solo quente.
     Não vos odeio, apenas explano minha discordância, como se odeia o inexistente? posso eu até ser considerado louco, por dedicar palavras ao nada.
Expresso todo o meu desacordo com os crimes,  a dor e os castigos impostos. Dai surge a presunção que se existisse inferno, seria menos inóspito que a morada de um carrasco divino. Inferno este que é lenda como vos sois.
     Lenda velha que existia, antes do império sujo subir, homens safados que dormiam com moças de seu antro familiar, quando não escravas, disse escravas, pai amoroso.
 Submundo outrora de Ades que convivia com Set e Phosphurus, fora expulso por sua nova mitologia, tua origem de conceituações pagãs. Tão vil que demonizou tudo que era anterior, consagrou o profano e banalizou o santo, inclusive em nossas terras, derrubaram tudo e construíram tuas veredas de sangue.
     Continuo a afirmar que o inferno se existisse seria um bom lugar, a carne não queima onde não há carne, o fogo não queima sem matéria, ou o que possa ser consumido ou devorado pelas chamas, o material e o imaterial um transpõe o outro,  como se liga alma e corpo? como pode querer um ser onisciente condenar se já sabe tudo ?
     Lendas, lendas, lendas o Inferno parece um paraíso, quando o próprio paraíso almeja ser o inferno, lá homens não rezam para quem já tem e dita tudo.
Escravos desta mentira, acordem saiam disso, assinem vocês mesmos a sua lei áurea, tempos vindouros de progressiva liberdade. O intelecto se nutre por si só, força e convicção são o alento necessário. Misericórdia divina é inexistente antes que venham os alienados, explanar absurdos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário